Viver o concreto com a substância do sonho. Saber-se finito para buscar o infinito. Olhar com a sede da primeira vez e o zelo da última. Cultivar cócegas de medo como quem freqüenta montanha russa. Comprar loucurinhas no supermercado. Surpreender o previsível. Assustar-se consigo mesmo. Abandonar velhas convicções como quem sai pra comprar cigarros. Amar com extrema paixão e absurda suavidade. Amar em duas línguas, amar em muitas línguas, amar com a língua. E com os olhos, aromas, o dorso da mão, atrás da orelha. Continuar a busca por lugares escondidos. Ser livremente cúmplice. Amar em atos. Falar no ouvido. Ter certezas como se não fossem. Falar delicado. Agir suave. Transar violento. Gostar. Cantar desafinado. Doer de saudade por cinco minutos. Ter palpitações constantes sem diagnóstico concluído. Chorar mais vezes. Rir tanto quanto. Abanar as brigas com sopros de riso. Beijar o tempo. Deixar que a alma seduza o corpo. Viver a vida no infinitivo.
POSTADO EM: AMOR E PONTO